quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Hedonismos da Infância

O sentir sempre me guiou e o sensível sempre me aflorou. Tenho uma percepção que, não dificilmente, me assusta. Hoje pensei muito sobre como significamos e resignificamos conteúdos, sensações, vivências. É só a melodia daquela música soar que já sinto o primeiro pêlo do meu corpo levantar-se e na seqüência todos os outros.
Essa sensação me despertou um pensamento: acho que eu sinto a música em todos os sentidos, numa relação de sinestesia absurda, que me toma por inteiro e sopra vida para meu recipiente de almas diversas.
Quando penso no tempo que me toma, sentir intensamente minhas vivências, penso por alguns instantes que estou à perder meu precioso tempo, que deveria estar concentrado no lado intelectual da vida.Porém, passa mais alguns segundos, e já me desarmo desses pensamentos.Logo chego à uma conclusão:É esse viver que me preenche que me torna ser vivo, muito vívido.
Gosto da alegria, arrepio e carnaval de emoções que me tomam e me levam a um universo mágico, que se encontra dentro de meu corpo, em um lugar que nem eu sei localizar ao certo, só sei que me toma por inteiro.
Gosto também de, a certa hora do dia, colocar sons de mar, risadas, andares, diálogos, pássaros, para me ambientalizar em um lugar incomum, no lugar que não estou. Crio esse universo,de forma à enriquecer meus cenários e poder colocar meus personagens andando por ele, relacionando-se com ele , o espaço, e comigo mesma.
Retomo à brincadeira da infância que mais gostava: à de criar mundos imaginários, e me deliciar e lambuzar de gabar de tão infinitas possibilidades.Meus devaneios me levam à lugares só meus, me interiorizam e me armam para esse mundo bipolar e cheio de peripécias.
Me enche de prazer lembrar a minha infância, meus badulaques, brinquedos, minhas descobertas, mistérios, aventuras, pés pretos de tanto correr descalço. È só eu escutar sons de infância, quando coloco a música palhaço, de Egberto Gismonti para tocar, que me vejo frente a frente com esse universo de sinestia, de um mundo sendo descoberto com hedonismo e sem culpas.
Um mundo vivenciado aos âmagos.Um mundo que é meu imaginário e um mundo lá fora de mim.Esses dois mundos brincam sapecamente e quase se desorientam,tamanha a felicidade que os toma ao encontrarem-se...

Um comentário:

  1. Muito bom Pri, muito mesmo. Ao ler o texto senti o primeiro pêlo do meu corpo levantar-se e na seqüência todos os outros. :] haha beijo!

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