quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Feito papel machê na imaginação
Perguntei à ela qual era a sensação ao escutar trechos das minhas descrições poéticas, ela assim descreveu: é como um drops: pequeno, intenso, refrescante, casual, rotineiro e íntimo.
Gostei da sua definição, da maneira poética como encaixou as palavras e como elas significavam uma ao lado da outra. Como faziam companhia uma à outra, reforçando ou dizendo de outras maneiras o que queria ser explicitado, tornando-se inteiramente explícito aos olhares alheios.
Gosto de fazer esse questionamento a outras pessoas, a diferentes pessoas e juntar isso à minha maneira de viver, experienciar e sentir as coisas. Outro dia, uma amiga me disse que se via no que escrevo, feito Narciso ao olhar, surpreso, sua própria imagem no rio de águas límpidas.
Quando escrevo, não busco levantar bandeiras ou defender a todo custo ideais e causas nobres.Quando descrevo, quero apenas tornar as cenas cotidianas mais pictóricas e dirigir os olhares para essas cenas que descrevo e para dentro de si.
Essas cenas acontecem fora de mim, mas depois vão pra dentro de mim, significam, resignificam e são expelidas ao mundo em uma ordem toda minha e toda do outro, ao ser vista por outra menina dos olhos, banhada em cores e formas diferentes.
É essa visão, interpretação, reinterpretação que me fascina, a forma como modelamos em nossa mente tudo o que digerimos em palavras, imagens, traços, versos e letras.
Gosto das comparações, bem direcionadas, diga-se de passagem. Essa mesma moça que definiu trechos dos meus textos enquanto drops, disse que tudo é um papel machê na minha imaginação.Apreciei o comparativo, a figura de linguagem me levou à sentir, ao cerrar minhas retinas, toda a textura desse papel e a mágica de sua transformação, feito transformar nuvens e formas incompletas em desenhos só meus. Esse jogo é tão divertido.
Mais divertido ainda, é ver os pequenos detalhes e casualidades com uma lupa de aumento.Aquela menina, vestida de uniforme da escola, aguardando a condução no quintal, e brincando de enxergar os detalhes com lupa, me encheu de ânimo e fantasia.
É disso que falo, uma imagem que diz tudo o que quero dizer.Essa menina deve ter seus 10 anos, e mostrava-se vislumbrada com os pequenos pedaços que avistava.Imagino o que ela poderia estar imaginando nesse momento de descoberta.
Talvez estivesse pensando em uma forma de transformar o que via em divertidos desenhos.Mal sabe ela que esse é só o começo de sua viagem ao imaginário.Mal sabe ela que quando criança fazia o mesmo, e meus devaneios transformaram-se em imagens e mais imagens, idéias e relatos poéticos que tentam dizer coisas aos outros, que tentam devolver às pessoas algo que é tão natural à infância, e que é por muitas pessoas perdido na ânsia de se fazer notável, sério e responsável. Ah, o doce imaginário!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

NÃO SE ESQUEÇAM!!! DIA 13 DE OUTUBRO, A PARTIR DAS 19:30, ACONTECERÁ A ABERTURA DA MINHA EXPOSIÇÃO:CALIGRAFIA DE JULIETA NO BETO BATATA ORIGINAL NO ALTO DA XV.RUA PROFESSOR BRANDÃO 678-CURITIBA TEL-3262-0840
SOBRE A EXPOSIÇÃO CALIGRAFIA DE JULIETA

“A imaginação sempre lhe ofereceu imagens mil para deliciar-se. O mais delicioso dessa brincadeira, era que o imaginar quase se transformava em viver aquilo com toda intensidade e veracidade...

Originadas dos meus devaneios de infância, as imagens e relatos poéticos, assim os chamo, são uma resposta ao mundo imaginário que sempre me encantou e em mim habitou. Mundo esse que me fazia, enquanto criança, descobrir desenhos em tudo, até mesmo nos arabescos dos azulejos do meu banheiro.
Essa brincadeira de encontrar formas, linhas, palavras e versos em todas as coisas, mesmo nas mais pequenas e insignificantes, aos olhos de outros, me levou a um universo particular de descobertas.Universo que encontrei de dentro pra fora e para dentro novamente, em um movimento de espiral, e que agora ao retornar em mim é jogado para o exterior,para o outro, com a mesma intensidade.
Essa exposição é um rompimento de barreiras. Minhas imagens e jogo de palavras saem da barreira do meu eu para ultrapassar a barreira do outro e reverberar em quem quer que sinta alguma significação e identificação com meu trabalho.
Não sigo conceitos, técnicas fechadas, caminhos pré-estabelecidos. Deixo minha intuição falar mais alto e guiar meus desejos de maneira a concretizar meus pensamentos e vivências.

...Sei que podemos parecer invasivas, respondendo correspondência alheia. Mas o fato de podermos interferir positivamente nelas, nos enche de um gozo explêndido, sentido aos âmagos...”

E a história continua, até onde a imaginação me permitir e me jogar ao infinito...
Quintal imaginário.
Conhecera aquele distinto cavalheiro,num quintal que recebia a primavera.Aquele quintal acolhia tão bem as diversas flores, que passava a sensação de colo materno.Quente, acolhedor, receptivo e eterno.
Algumas folhas secas de outono ainda insistiam em brincar com as flores ornadas de diversas formas e cores.O outono resistia em abandonar a primavera.
Nessa transição de estações ela transitou de amores e também de si mesma.Abandonou aquela antiga menina que vivia como se estivesse a pisar em ovos, indecisa, imatura, incoerente,inconstante, medrosa e impulsiva.
Não que abandonou inteiramente seus impulsos.Porém, agora eles estavam entregues à desejos de maneira mais conciente, cautelosa.
O diálogo é iniciado. O livro Pequeno Princípe é que guia a conversa, numa relação de surpresa e êxito por ouvir muito do que pensava pela boca daquela rapaz.Eles comungavam de pensamentos e interesses similares.
Conversam sobre a infância, a maturidade, a sociedade, o pequeno príncipe e sua visão sobre o adulto.
Empolgaram-se ao falar sobre a infância.Aquilo era um ponto em comum e despertava em ambos cheiros da infância,que ainda reside nas vivências de cada um.