sexta-feira, 14 de maio de 2010

PORTADOR DE MOBÍLIAS
Sou a inconstância de um delicado e por vezes bruto movimento que quer se acalmar,mas que ao mesmo tempo quer continuar dando seus saltos e fazendo seus vôos rasantes

Sou uma pena em meio ao turbilhão de um vento, em meio ao caos das perdas e ganhos,dos erros e acertos, das tentativas

Sou pernas para correr do perigo, para dançar o abstrato, explicar que não se explica...

Sou mãos para segurar o pedido tão esperado, o desejo ansiado, o desenho dos meus sonhos. Mãos que desenham meus próprios sonhos, que costuram minhas fantasias

Sou braços para controlar o que faço levar minhas mãos aonde quero e segurá-las quando preciso

Sou barriga para carregar o que como , o que experimento, o que sinto
Para poder ter a sensação de borboletas no estômago e frio na barriga numa decida
Sentir que estou viva a cada cólica e dor de barriga frente a cada situação que me exija estômago

Sou boca e língua para sentir o gosto de seus lábios quentes e finos cantando uma música.Para fazer barulhos estranhos, para sentir a brisa fria de uma manhã, para me levar a prazeres, conhecer coisas pelos seus gostos, direcionar amargas ou doces palavras.Diálogo.Para espantar o perigo com a voz que sai das entranhas

Sou nariz para sentir todos os odores de todos os lugares para sentir o cheiro e gosto do mundo

Sou pés para correr do perigo, para me fincar nas minhas raizes, sentir a grama molhada e o piso úmido.Para me conectar com a terra , me levar a movimentos outros e me sentir viva

Sou Cabelos para sentir o vento bater
Sou joelhos para me flexionar, ser mais flexível, me dobrar diante de um pedido, de algo que me leva a crer estar enganada...

Sou olhos para pintar o que vejo, transformar as cenas que se desenrolam na minha frente, em atos cotidianos, nos ritmos de um sino da catedral, dos movimentos de um andante nas calçadas tortuosas e sinuosas ao meu redor...

Sou todas as cores, ordenadas de maneira a colorir o meu universo e o universo do outro.
Sou um corpo, apenas um corpo, que transita entre o chão da realidade e o céu da fantasia.
Priscila Reis

MINHA RELIGIÃOÉ O PRAZER

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