terça-feira, 11 de maio de 2010

OLHAR COR TIJOLO TRANSLÚCIDO
De questionamentos mil que me faço diariamente, surgiu-me uma constatação: a relevância e sublimação de um olhar. Quando digo olhar, não me refiro a um olhar vazio, perdido, que não se prende a nenhum ponto ou feição facial. Quando digo olhar, refiro-me a um ato de quase adentrar a alma do outro, vendo-se na menina dos olhos outros. Quando falo desse ato falo de quase tocar as cores e texturas que preenchem esse circulo misterioso.
Pensando sobre esses olhares e seus “donos”, deparei-me andando pelas ruas, num movimento de eterno pensar e questionar, um olhar que me intriga. É de um vermelho tijolo, translúcido, com o circulo negro quase derretendo dentro dessa circunferência. Esse olhar me leva á pensar sobre a transparência dos olhares, sobre a intensidade do ato físico, tátil e imagético.
O poder e mágica de um olhar, nos transporta, nos leva a outros mundos, realidades, pessoalidades, nos leva à enxergar o outro. Suas cores, formas, seus desenhos, anseios, angustias, medos. A idéia de poder contar com um ponto ocular aonde acalmar nossos olhos nos tranqüiliza. Nos coloca numa troca de intimidades, afeições, carências. Nos direciona à um mundo particular,cheio de amores, trejeitos, histórias, relações, experiências.
Muitas vezes o olhar substitui muitas outras ações, junto ao toque, a sensibilidade, à escuta, a percepção, torna-se talvez muito maior e de maior relevância do que a transmissão de conhecimentos. Essa percepção sensível, afetuosa é muito maior do que realmente entender as cores, as pinceladas, os grafismos, os artistas e suas obras, a história construída através de imagens.
Não retiro aqui, em momento algum a importância desses elementos, mas penso que muitas vezes os olhares e trocas afetivas, a escuta, a aceitação, a crença no outro, a esperança mantida, conservada, transformada, vale mais que mil palavras. Vale mais que conteúdos, conhecimentos, erudição.
A sensibilidade abre portas, traz possibilidades, caminhos. Oferece trocas, alimenta relações e torna o ser humano,humano, no sentido literal da palavra.
Priscila Reis

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